Farrapos de Nuvens

...um dia descobrimos que somos nós quem decide se as nuvens podem mesmo esconder o sol. ...um dia.

segunda-feira, abril 30, 2007

Saudades

Tenho saudades de ser pequenina.
Sei que já me ouviram dizer isto.
Mas hoje a saudade apresentou-se de novo.
Com mais força ainda.
Tenho saudades das coisas das crianças.
Tenho saudades de sair por aí a correr.
Solta do mundo.
Sem nada que me prenda ao chão.
Não ao chão fisíco.
Mas ao chão dos meus sonhos.
Tenho saudades de achar que podia pisar o arco-íris.
Tenho saudades de ver o Amor como um sentimento verdadeiro.
Agora tudo se me afigura a um mero jogo de interesses comuns.
Tenho saudades de achar que não se pagava pelos nossos sonhos.
Tenho saudades de pensar que o caminho seria fácil.
Agora são dificuldades atrás de dificuldades.
Tenho saudades de que se preocupassem mais comigo do que eu própria.
Tenho saudades da inocência que tive de perder.
Agora cada um (sobre)vive como pode.
Esmagando os outros.
Tenho saudades de pegar num papel e achar que o mundo tinha uma cor diferente a cada dia.
Como eu queria.
E note-se.
Isto não são queixas.
São saudades.
Quem não as sente?
Quem não trocava a sua vida actual pelos seus sonhos de pequeno?
Quem não queria?
Eu quero voltar a sonhar a minha vida.
Com as minhas cores.
Viver de sonhos.
Os meus sonhos.
Possíveis ou impossíveis.
Mas os sonhos que me pertencem.
Que alguém roubou.
E eu deixei.
Isto não são queixas.
São saudades.
Um dia enfim descolorirá.


'...o futuro é uma astronave que tentamos pilotar...sem pedir licença muda a nossa vida...nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá, o fim dela ninguém sabe bem ao certo...'

quinta-feira, abril 19, 2007

Está feito.

Hoje não fazia sentido passar por aqui e não Te deixar qualquer coisa.
Hoje o meu coração palpitou-Te.
E eu não sei porquê.
Talvez porque me sinto na 'obrigação'.
De dizer-Te que me sinto mais feliz.
Que esta troca subtil de papéis que fizesTe,resultou.
Por fim.
Achava-me a questionar-Te demais.
Mas findou.
Este deixar de ser eu mesma e ver-me.
Benéfico ou não.
Fez-me bem.
Esta troca de escritora para leitora.
De protagonista para espectadora.
De revoltada a completamente tranquila.
Da minha vida.
Com a minha vida.
E estou melhor.
Pelo menos deixo-me andar melhor.
Embora ainda não perceba bem o que fizesTe.
Sinto que está feito.
E que ainda vou saber o que é isto.
Talvez um sentir-Te de braços abertos.
Quando eu pensava que já não podia mais chegar até Ti.
Talvez o Amor de um verdadeiro Pai por um filho.
Mas hoje, alguma coisa foi feita.
Tu, eu?
Está, necessáriamente, feito.

'...em cada verso há um lado do lado inverso...'

sábado, abril 14, 2007

Dentro...

Ando do avesso.
E não sei o que fazer.
Já deixo de compreender qual o plano que tens para mim.
E isso assusta-me.
Devesse eu apenas confiar sem medida.
Mas impõem-se as minhas dúvidas.
Existênciais ou circunstânciais.
Tanto faz.
Hoje a inquietação da minha alma é tanta.
Que me sinto a adormecer.
A adormecer sobre mim mesma.
Sobre os meus problemas.
E questiono a minha fé.
Que Amor é este que me faz sofrer?
Que Pai este que me deixa chegar aqui e sentir-me a cair?
Que Deus este que me espera de braços abertos?
Estou a pagar?
Talvez mereça.
Mas, hoje, a dor é mais que muita.
E sinto-me novamente a adormecer.
E entre esta sonolência e este despertar.
Vejo-me do avesso.
De uma fé que não compreendo.
De um Pai que tenho medo de não sentir.
Que acho que me deixou para trás.
O avesso do que sou.
Do que Deus fez de mim.
O avesso.
Que me fará compreender.
Que que Amar muitas vezes implica este tal ave...
Avesso.

'...como tudo o que se promete nesta vida...mastiga e deita fora...'

segunda-feira, abril 09, 2007

Ter que fazer.

Ter que o fazer e não saber por onde começar.
Ter o que fazer e não saber fazê-lo.
É assim.
Ultimamente não passa disto.
É uma vontade imensa de fazer apenas do meu jeito.
E tornar a fazer do jeito dos outros.
Deixar de sentir porque já senti demais.
E tudo volta sempre a ser igual.
Chegar e decidir que é desta.
Mas não o fazer.
Andar demasiado ocupada para não o perceber.
E precisar de ajuda.
Alguém que apenas diga que isto é normal.
Que todos passamos pelo menos.
E aprender a ser feliz.
Com o que Deus me dá.
Com o que Deus fez de mim.
Com o que Deus me tira.
De uma forma ou de outra.
Quero voltar a ter a minha vida normal.
Mas com consciência de que cresci.
E de que pago por isso.
Um apelo gigante ao crescimento.
E um eterno sentir-me criança.
E ter a certeza que isto passa.
Apenas porque é assim.
E ter sempre que fazer.
Continuar a fazer.
E por fim acertar no que faço.

'...bigger than my body...'

quarta-feira, abril 04, 2007

Antes,durante e depois.

Ando afastada.
Tão afastada do meu blog quanto da minha vida.
Tão afastada do essencial quanto de mim própria.
Há uma altura em que todos precisamos de um certo distânciamento.
E a minha altura foi agora.
A verdade é que é sempre em alturas importantes.
Mas senti precisar de parar.
Senti que o meu corpo não acompanhava a minha cabeça.
E vice-versa.
Andava demasiado cansada de tudo e de todos.
De todos e de mim.
E aí parei.
Parei por 36 dias porque buscava o que eu julgava ser mesmo importante.
E esqueci-me de procurar o que precisava de verdade.
Mas 'há sempre Alguém...'.
E esse 'Alguém' está por fim.
E fez-me compreender que a hora pode ser tardia.
Mas se a razão for boa.
Vale sempre a pena recomeçar.
Por mais atrasados que estejamos.
Hoje (re)começo.
Por Ti.
E por mim também.
Cheia de coragem.
Quero ver onde me vai levar.
Talvez a outra beira de estrada.
Sem esperança.
Ou talvez a uma ressurreição total.
A Tua.
Ou a minha.
Talvez.


'Há sempre alguém que nos tem cuidado, há sempre alguém que nos faz pensar um pouco...'