Farrapos de Nuvens

...um dia descobrimos que somos nós quem decide se as nuvens podem mesmo esconder o sol. ...um dia.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Inimigos

Uma luta desmedida.
Uma batalha feroz.
Que não tem fim imediato.
Mas que mata aos poucos.
Os sentimentos são inimigos de si próprios.
Uns matam.
Outros moem.
Uns alegram.
Outros destroem.
E nunca se dão na perfeição.
Não coabitam.
Mas criticam.
Não se suportam.
Mas existem.
Infelizmente.
Mas há sentimentos.
Pequenos pedaços de nada.
Que em certa altura.
Viram tudo.
E preenchem o nosso dia-a-dia.
Muito mais que serem inimigos de si.
São nossos inimigos.
E de uma hora para outra.
Acabam com tudo o que temos.
O que aos poucos, com dificuldade.
Temos andado a construír.
Muito mais que inimigos de si.
São inimigos de nós mesmos.
Que fracos nos deixamos invadir.
Por uma tristeza da qual não brota um sorriso.
Por uma angústia da qual há esperança.
Por uma raiva que não nos dá liberdade.
Por uma mesquinhez que não nos deixa viver.
Por uma guerra que não nos deixa paz.
Nem um pouco de nós.
Hoje, tudo isto.
Contra o que penso ser.
Se existo.
Ou se isto é apenas um pouco de mim.
Um pouco de nós.

terça-feira, novembro 27, 2007

S A U . . .

S A U D A D E S
É isto que dói.
Que magoa, que mói.
E em todo o momento destrói.

S A U D A D E S
De tudo o que fui.
Contigo ou sem ti.
Do que fomos.
Ou daquilo que vivi.

S A U D A D E S
Que não têm motivo.
Que mexem tudo em mim.
Que não gozam de aviso.

S A U D A D E S
Do cheiro de alguém.
Do sorriso dele.
E do meu também.

S A U D A D E S
De gostar dele.
Dele gostar de mim.
De me sentir assim.

S A U D A D E S
Da presença.
Da ausência consentida.
Da emoção contida.

S A U D A D E S
De tudo.
Do nada.
Do vazio.
E do frio.
Mas sempre com.
S A U D A D E S.



segunda-feira, novembro 26, 2007

GOSTO-LHE.

Procuro as palavras.
Que já não encontro.
Porque estas palavras.
Não servem para o que te conto.
A história não é nova.
Porque temos sempre a oportunidade.
De encontrar na nossa vida.
Um amigo de verdade.
Que não sabemos de onde vem.
Nem tão pouco o que quer.
Mas aos poucos descobrir.
Que se pode ser o que quiser.
O segredo é sonhar.
O truque é sorrir.
E saber que com amizade.
Podemos sempre partir.
Buscar o que não queremos.
Lutar, fugir.
Procurar o que queremos.
Ou julgamos sentir .
Saber que contigo é diferente.
Que há sempre mais.
Que com pessoas como tu.
Não há mal entendidos, tais.
Ter-te comigo.
É ter segurança.
Pra dizer o que me apetece.
E saber que não te cansa.
É ter os nossos momentos.
De tão mágicas gargalhadas.
É saber que só "(sobre)vivo".
Se estivermos "agarradas".
Ás nossas brincadeiras.
A uma simples necessidade.
De saber que entre nós.
Há uma grande cumplicidade.






terça-feira, novembro 20, 2007

Há dias assim.

Há dias em que a inutilidade é tão grande.
Em que a força é tão pouca.
Que o desespero ocupa.
Tudo o que Amor poupa.
Há dias em que a angustia é maior.
Que o sorriso que se tem.
Que o abraço que se dá.
Á alma de outro alguém.
E nestes dias assim.
Em que a vontade é fugir.
Olho para trás e vejo.
Que o caminho é para seguir.
Mesmo se a dor é maior.
Que o coração que se tem.
Há sempre outra pessoa.
Que precisa de nós também.
E é quando no fundo.
Percebemos que somos alguém.
Buscamos uma outra força.
Que se julga que não mais se tem.
E é quando sabemos.
Que somos importantes também.
Que a força ganha forma.
E muda tudo o que ainda vem.
E é no sorriso de alguém.
Que se descobre o caminho.
Talvez mais difícil.
Com a certeza de que não se está sozinho.

'(...) Há dias assim aqueles em que se pensar vou fugir...'

terça-feira, novembro 13, 2007

Tudo o que dói.

" Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Uma chapada, um murro, um pontapé, dói.
Bater com a cabeça contra uma mesa, dói.
Morder a língua, dói.
Ter cólicas, caries e pedras no rim também dói.
Mas o que dói mais é a saudade.
Saudade do irmão que mora longe.
Saudade de uma amiga de infância.
Saudade do sabor de uma fruta.
Saudade do pai que já morreu.
Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Dói isto tudo.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Podias ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Podias ir para o escritório e ele para o dentista, mas sabiam onde é que cada um estava.
Podia ficar o dia sem vê-lo, e ele o dia sem vê-la, mas sabem que se vão ver amanhã.
Mas quando o amor de um acaba, ao outro dobra uma saudade que ninguém sabe deter. Saudade e não saber.
Não saber mais se ele se continua a constipar no Inverno, não saber se ele ainda continua a pintar o cabelo de vermelho. E não saber se ele ainda continua a usar a camisa que tu lhe deste.
E não saber se ela foi à consulta de dermatologia como prometeu. E não saber se ele continua a comer frango assado, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ela aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua a fumar Carlton, se ela continua a preferir Coca-Cola, se ele continua a sorrir, se ela continua a dançar, se ele continua a surfar, se ela continua a amá-lo.
Saudade e não saber.
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como tirar as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer o silêncio que nada preenche.
Saudade e não querer saber se ele está com outra, e ao mesmo tempo querer.
E não querer saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo querer.
E não querer saber se ela está mais magra, se ele está mais bonito.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim, doer. "

(roubado!)


'(...) She's only happy in the Sun.'

quinta-feira, novembro 08, 2007

SEMSENTIDONECESSARIAMENTESENTIDO.

É um país sem nome,este onde estou.
É um corpo sem alma, o que agora te dou.
É uma vida, cujo sentido não encontro.
Ou onde o encontro não existe.
Aqui tudo falta, menos a falta tua.
Tudo dói, muito menos que a tua.
Mas dói.
Dói do jeito de um corpo sem forças.
Daquele jeito, a quem é pedido sempre mais.
E de quem não tem para dar.
Os dias sucedem-se e só no teu coração a dor sobrevive.
Mas no meu também mói.
Sinto o amargo das tuas palavras, porque não te consigo dizer as minhas.
Estão carregadas de raiva...E tu não queres.
Mas sentes-a!
Este corpo já não tem motivação.
Esta alma, cuja alegria se escapa.
Já parece lata.
De coca-cola vazia.
Tal como o meu coração.
Hoje, não quero.
Não quero se não chorar.
Quero pensar que algum dia.
Isto vai passar.
E que o país que hoje para nenhum de nós tem nome.
A dor que hoje não mais acaba.
A vontade de...
Nada!
Um dia vai mudar.