Farrapos de Nuvens

...um dia descobrimos que somos nós quem decide se as nuvens podem mesmo esconder o sol. ...um dia.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Está explicado!

Sentir-se só.
Não é estar sozinho.
É querer continuar.
Mas não se saber o caminho.

É andar-se perdido.
Entre tantas certezas.
Que são a fachada.
Quando as paredes são tristezas.

Uma fachada pintada.
De um colorido sentimento.
Que vai dando à nossa vida.
Um pouco mais de alento.

De uma recordação que mata.
De um pensar que enfraquesse.
De um sentir que prevê.
Um corpo que esmorece.

Sem vontade de nada.
Apenas de o ter.
Um coração que só bate.
Quando a ideia é de o ver.

Uma vida que com menos sentido.
Persegue um alguém.
Que segue em outra estrada.
Sem se importar com ninguém.

Sentir-se só.
Não é estar sozinho.
É ter em nós alguém.
Que escolheu outro caminho.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

(co)ra(ç)zão

" Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim. "



Carlos Drummond de Andrade



De quem sentirei a falta?
A quem pertence a ausência?
Se isto não é mais.
Do que fruto da vivência.

De quem é este coração?
Que teima em sentir-se só.
Que não percebe que o outro.
Já não sente nem dó.
Dó de mim, não!
Desse eu não preciso.
Mas do que sente este coração.
Tão pobre e indeciso.


sábado, dezembro 01, 2007

Final Infeliz

Cansaço.
Um cansaço que não é fisico.
Nem psiquico.
Um cansaço que não existe.
Ou se existe.
Só se sente porque está cansado.
Cansada.
Cansada do que sou.
Do que fui.
E deixei de ser.
Cansada de um sentimento cansado.
Cansaço.
Daquele que ninguém explica.
Que pouca gente sente.
Um cansaço.
De tudo.
Um cansaço de nada.
Cansaço.
Do que não existe.
Se o cansaço.
Existe.