Trocas.

Troca de lugar comigo.
Vem viver esta vida que eu não quero.
Esta vida que na minha presunção acho complicada.
Troca de lugar comigo.
E dá-me a oportunidade de experimentar o dificil.
Troca de lugar comigo.
Porque este sentimento de inutilidade acaba comigo.
Sufoca-me.
Troca de lugar comigo.
Porque precisas.
Porque eu quero.
Faz o que quiseres.
Mas por favor.
Troca de lugar comigo.
E deixa-me sofrer no teu lugar.
Troca comigo.


'(...) Tudo o que quer de mim é demais, é pesado, não há paz...'

Se dói.

Quando é que começou?
O que é que falhou?
O que faltou?
Quando errámos?
Porque o merecemos?
Qual o motivo?
Explica-me!
Quando é que começou?
O que fizémos?
O que deixámos de fazer?
Quando é que termina?
Porque nos acontece?
Explica-me!
Este desespero.
Esta angústia.
Dor até.
As lágrimas que teimam em não parar.
Um ter de recomeçar sempre de novo.
Com a certeza de não querer o antigo.
Este sentirmo-nos pisados.
Por outros que desejamos pisar.
Não por maldade.
Mas por reciprocidade.
Esta confusão.
Este degredo.
Sentimento de perda até.
Esta humilhação.
Este querer morder-te.
Raiva até.
Momentânea.
Pontual.
Construtiva.
Se Deus quiser.

EXISTEM DIAS QUE DOIEM.
Necessariamente.


'(...) Where do you go when you're lonely?'

De novo.

É preciso tão pouco para gostarmos de alguém.
Não precisa de ser alguém que é para a vida.
Mas aqueles pequenos grandes alguéns.
Que cruzam o nosso caminho.
Que vêm quando não esperamos.
Nem queremos.
Ou precisamos.
E eu julgava que não precisava.
Ainda bem que Deus é mais teimoso que eu.
E insiste.
Em menos de um mês troca as voltas.
E faz-me conhecer pessoas tão especiais.
E de um dia para o outro dá outra volta.
E terei de deixá-los.
Será tão difícil.
E eles saberão porquê.
Porque eles já são o meu nada.
Que fazem o meu tudo.
Aqueles sorrisos à hora da chegada.
O beijinho na partida.
As piadas de quem ainda não se conhece bem.
O pedir desculpa por alguma coisa.
As mensagens quando dói.
É tudo tão mágico.
Agradeço a Deus por ter sido mais teimoso.
Mais que eu.
Porque se assim não fosse jamais saberia o que é isto.
De construir de novo uma amizade.
Agradeço a Deus.
Porque sou mais feliz por vos ter conhecido.

DORMENTE

Tenho o coração apertadinho.
Tão apertadinho que me falta o ar.
Que me sinto dormente.
É um desconforto.
Um frio.
Que me gela o corpo.
Que me gela a alma.
Ou o que resta dela.
Ás vezes acho que fiquei para trás.
Agarrada a qualquer lembrança.
Que não me pertence.
Pelo menos agora.
Já não.
E é quando me sinto assim.
Quando o meu coração não detem.
As lágrimas que pelo rosto correm.
Que sinto a tua falta.
Não por seres tu.
Mas porque preciso indiscutivelmente.
De alguém.
Que sem julgar me oiça.
Que sem me repreender me espere.
Que sem desesperar me chame.
Que sem me olhar me toque.
Que sem vontade me ame.
Que sem fé acredite.
Hoje só preciso disto.
E já é muito.


'(...) when I need you, you almost here...'