Farrapos de Nuvens

...um dia descobrimos que somos nós quem decide se as nuvens podem mesmo esconder o sol. ...um dia.

terça-feira, maio 15, 2007

É isto!

Tirei um tempo ao pouco tempo que tenho.
Decidi fazê-lo porque senti que necessitava de pensar em algumas coisas.
Que me tornaram a pessoa que sou hoje.
Feliz ou infelizmente.
E então descobri que deixei de fazer o que mais dá sabor à vida.
Deixei de gostar.
Deixei de 'gostar de mim'.
Ou passei a gostar mais, não sei.
Mas, fundamentalmente, deixei de gostar das pessoas.
Deixei de dar-lhe credibilidade.
E deixei de me fazer crer, também.
E percebi como isso me faz sentir inquieta e insegura.
Toda a gente precisa de acreditar em alguém, em alguma coisa.
E eu queria ser excepção.
E fui fazendo disso uma verdade que me estava a tornar irremediável.
Estava a ficar demasiado sozinha.
E estou mesmo.
Só porque me convenci de que era o melhor.
Certo é que nem sempre o bom é o melhor.
Mas eu não julgava isto.
E deixei-me julgar por mim própria.
Bem diz a minha mãe:
'Estás uma pessoa amargurada!'
Terá razão?
Pelo sim, pelo não.
Decidi mudar de atitude.
E pelo menos pensar que não acontece o mesmo todos os dias.
Que não tem de ser tudo igual.
Decidi arriscar.
Vamos lá ver.


Rui Veloso - Já não há canções de Amor.

'Um deste dias vou poder
apaixonar-me outra vez
sem me importar de saber
se vai durar um ano ou um mês


Correr e saltar num dia
depois não dormir tranquilo
pensar que o amor é isto
e descobrir que afinal é aquilo


Já não há canções de amor
como havia antigamente


Um destes dias vou ser capaz
de encontrar a felicidade
avançar em marcha atrás
ir de verdade em verdade


Dizer que o amor é aquilo
que ontem estava descoberto
e ver que no fim duma paixão
espreita sempre um deserto


Já não há canções de amor
por não haver quem acredite

E vós almas tão ingénuas
cujo amor não tem saída
que buscais nas tolas canções
o açúcar que adoça a vida


Não percebeis que é o engano
que prova que há uma chance

acertar à primeira não é humano
é a essência do romance


Já não há canções de amor
como havia antigamente
já não há conções de amor
vou investigar o caso
com o máximo rigor
tirar a limpo a verdade
que há nas canções de amor
vou saber se ainda é possível
escrever canções de amor.'

2 Comments:

Blogger Pinguim Alegre said...

Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...) Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca.

(Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela')

BJS

10:37 da manhã  
Blogger D'Aquela! said...

Querido Pinguim,nem é tanto uma confusão.Apenas percebi que tinha deixado de fazer uma coisa importante que foi ter deixado de gostar das pessoas, achar que só eu detenho a verdade sobre o que são ou podem ser.
E,embora isso ainda me custe a fazer tenho de o fazer, por mim mesma.
Mas concordo quando 'referes' que é o sentimento de posse que nos faz sofrer.É a sensação de que tens mas achares as tuas mãos vazias.Talvez tivesse sido esse sentimento de pensar que 'o tinha' que me fez chegar aqui.Agora é só mudar...para melhor!SEMPRE!
Obrigado pelo comentário!

8:35 da tarde  

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